sangue de drago

Graças ao Google Earth, o Museu do Prado teve a brilhante ideia de filmar alguns quadros por satélite, sendo agora possível visualiza-los nos mais ínfimos detalhes. O primeiro a ser devassado foi o Jardim das Delícias de Hieronymus Bosch, pintado entre 1503 e 1504. Aqui fica um “insert” no painel da Criação. Entre Adão e […]

Mundo de vidro

Melancholia Mentis Aquando tomada pelo humor melancolicus, a alma concentra-se na imaginação e imediatamente se torna-se habitação dos espíritos inferiores, dos quais muitas vezes recolhe excelentes benefícios nas artes manuais. Quando a alma se concentrada na razã torna-se abrigo dos humores medianos, assim atinge o conhecimento das coisas naturais e humanas…Mas, quando a alma plana […]

Soldadeiras

Desque la cantadera dize el cantar primero, Siempre los pies bullen, e mal para el pandero… Texedor e cantandera nunca tienen los pies quedos, En telar e en la dança siempre bullen los dedos Arcipreste de Hita, Libro de Buen Amor, séc.XIV Cadeiral da catedral de Sevilha, dançarinos mouriscos, (1464-1478) Descendentes das puella gaditanae, que […]

Árvores da Vida

“este movimento circular não necessita de pernas, o universo foi criado sem pernas nem pés” Platão, Timeu A Árvore da Vida corresponde ao centro cósmico de um universo perfeito e circular, no sentido em que Platão já havia descrito no Timeu. Santa Maria de Penamacor, em Lugo, finais séc.XII No Jardim do Éden existiam duas […]

Cervo do monte a água volvia

Ilustração The Queen Mary Psalter, de acordo com Bestiário Divino de Guilherme de Clerc O veado é inimigo das cobras como Cristo do Demo. Quando um veado dá com um buraco onde se esconde uma cobra, atira-lhe com água, lança-lhe o bafo mortífero para dentro, obrigando o réptil a sair do covil e depois mata-o. […]

Caprichos

{Ut pictura poesis} «Persuadido el autor de que la censura de los errores y vicios humanos (aunque parece peculiar de la eloquencia y la poesia) puede tambien ser objeto de la pintura. ..» Anúncio dos Caprichos de Goya no Diário de Madrid de 6 de Fevereiro de 1799. Capricho– do italiano- capriccio– feito da própria […]

Boa Páscoa

Quando o coelho da Páscoa era uma lebre O uso de ovos, em rituais de renascimento das estações, é conhecido desde os tempos mais antigos; mais curiosa é a forma como aparecem misturados com coelhinhos na tradição das ofertas pascais. Os coelhos sempre foram pouco católicos, dada aquela mania luxuriosa de passarem o tempo. Por […]

Esqueletos no armário

A propósito ou não, também me apetece contar a história dos esqueletos no armário que deve ser da autoria do Hogarth. A descoberta deve-se a Judy Egerton que escreveu um textinho bem engraçado que passo a resumir. Como se sabe, o Hogarth era danado para apanhar os tiques dos novos-ricos afrancesados e ainda mais para […]

Sátiras e desventuras do Hogarth

O mundo das tricas pessoais sempre serviu para divertidas sátiras literárias e artísticas. No caso de William Hogarth (1697-1764), torna-se uma verdadeira charada destrinçá-las no meio das suas troças à sociedade. Os métodos eram variados, tanto podia ficar-se pela simples caricatura ao visado, incluído em qualquer série de desventuras dos personagens, ou mesmo em retrato […]

Anáguas de Vénus

Muito antes de Dali se ter lembrado de transformar uma estátua de Vénus de Milo num arquivo de pompons de ardores e classificações estéticas, já Hogarth, em pleno século XVIII, soube fazer a sátira mais atrevida que só não teve maior projecção por ter ficado por marginalia dentro de quadro e gravuras a acompanhá-las. Já […]

excitações estéticas por réplicas em segunda mão

{subtexto da emulação dos antigos} «The connoisseurs and I are at war, you know; and because I hate them, they think I hate Titian, and let them» (William Hogarth to Hester Thrale, in Anecdotes of Samuel Johnson 1786) O espírito satírico de Hogarth nem num tratado estético que pretendeu sério e destinado a cultivar o […]

Escrito na face

«Nascido da Noite, sem pai, eu chamo-me Momus, tiro prazer em rore coisas uma de cada vez, com um dente de Teo. Finjo ser feito como um homem, com uma gelosia no meu peito; de modo a que não haja mentiras naquela cavidade, já que os meus sentidos estão abertos»-Junius, Hadrianus, Emblemata (1565) Razão deve […]

a tela virada de costas

¡Qué es lo que miro! ¿Es por dicha lienzo o cristal transparente el que me pones por delante? Pedro Calderón de la Barca(1600-1681), Darlo todo, y no dar nada (1677) Diego Velázquez, “Las Meninas”, 1656-57, óleo sobre tela, 318 x 276 cm, Museo del Prado, Madrid A tela virada de costas, a representação encenada, nunca […]